terça-feira, 30 de março de 2010

Algumas perspectivas dos deputados liberais sobre o operariado português. Uma Investigação em curso.

Mon amour, fica aqui uma pequena amostra do meu «muito tempo livre». Sem paint desta vez lol. Meter «lol» numa cena académica é bueda pouco académico. Que fique registado.

Em 1823 era debatido, na Câmara dos Senhores Deputados, o despedimento de 800 operários em Lisboa, a necessidade de controlar as despesas do reino assim imperava. Um deputado solicitava então a palavra:
«oitocentos e tantos operários ficarião nas circunstancias de serem despedidos, e se o inspector destas obras fosse e dissesse: oitocentos homens amanhã ficão fora da minha folha, e não trabalhão em Lisboa: isto seria um abismo em que nos metteria-mos; seria oitocentos e tantos Portuguezes que amaldiçoarião a obra da nossa regeneração. Por tanto a reducção não se deve fazer n'um dia, mas em um anno»

Na mente deste deputado estaria com certeza a fraca estabilidade do novo regime e a preocupação de uma possível agitação popular em Lisboa. É um facto real, e sentido na altura, o defeituoso apoio popular que o liberalismo tinha. Este defeito conjugado com o medo de ocorrer em Portugal uma acção radical, como a que outrora marcou presença em França (1790-94),
fazia com que a percepção do deputado fica-se alertada para o perigo, no imediato, do pretendido e autêntico despedimento colectivo. Era necessário salvaguardar o regime, e por consequência a alternativa apresentada foi o despedimento de todos os operários, mas, às prestações.

Qualquer facto que faça lembrar a realidade é, somente e puramente, integrante na lógica natural, histórica e actuante das ilusões do capitalismo. Ainda se lembram da Quimonda? eram só alguns trabalhadores que iam ser despedidos...

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